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12 de junho de 2008

DETERMINAÇÃO E FORÇA DE VONTADE NO PEDAL


De que são feitos os campeões
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Mauro Ribeiro

Estou convencido de que não existe azarão no ciclismo. Existe, sim, determinação, concentração e foco em um objetivo. São essas as características comuns aos grandes campeões. Atletas que realmente são capazes de fazer a diferença. Não que os outros competidores, os vencidos, esforçaram-se menos. Mas o campeão é aquele que não dá espaço para o azar. Aquele que incorpora o espírito guerreiro que define um grande ciclista.

Conversei com Gregory Panizo, vencedor da Volta do Estado de São Paulo e logo de cara fiquei impressionado com a sua contusão. Não tenho dúvida de que uma pessoa normal ficaria no hospital por uma semana – e não correria longas etapas de uma volta.

Mas ele estava determinado e não entregaria tudo assim, à toa. Para se ter uma idéia do que ele passou, as dores não o deixavam nem dormir. O massagista, por sua vez, não podia fazer muita coisa para aliviar a dor já que as marcas do tombo impediam um contato desse tipo com o corpo do atleta.

Em um dia de competição, Gregory chegou a pedalar cerca de 20 minutos no rolo em plenas três horas da madruga para tentar minimizar as dores. Na etapa de montanha, ele sofreria talvez o pior momento. Pelo rádio, anunciava que abandonaria. Seu treinador, porém, insistia: “Vamos tentar mais um pouco”.

A recompensa, por outro lado, foi tão grande como a dor que sentia. A vitória premiou o atleta mais determinado e briguento – no sentido de lutar contra as adversidades. Lidar com as marcas, cicatrizes, condições climáticas é o que faz do ciclista um verdadeiro guerreiro: aquele que não tem medo de nada.

Mais do que essa superação pessoal, Gregory teve respeito pelo evento, por toda a competição a sua volta e pela oportunidade que via na sua frente. O troféu ainda veio mais brilhante pelo fato da prova ser decidida apenas na última etapa. Ainda que, com vantagem, se ele tivesse dormido no ponto e não figurasse entre os atletas da fuga, perderia o título.

Essa é outra característica dos campeões: estar sempre bem posicionado. Lance Armstrong fazia isso muito bem. Sempre entre os primeiros, não dava espaço ao azar. Para fazer a diferença, é preciso estar no lugar certo. Ainda nas provas internacionais, temos muitos exemplos do ciclista-guerreiro-campeão. Em um Tour de France, Bernard Hinault caiu quando ainda faltavam três etapas de montanha. Com o nariz aparentemente fraturado (costurado com 16 pontos), o que dificultava sua respiração bem nas etapas de maior altitude, ele chegou em Paris com o caneco na mão.

Em outra prova francesa, a Paris-Nice, o ciclista irlandês Stephen Roche, após um tombo, ganhou de presente tantos ralados no corpo que teve febre e outras complicações. Os médicos não o aconselhavam nem a competir, mas ele não desistiu.

O que dizer então de Tyler Hamilton, o americano que, mesmo com a clavícula quebrada por conta de uma queda, terminou o Tour de forma extremamente competitiva. São esses atletas que ajudam a levar o ciclismo ao lugar que ele merece entre as grandes competições esportivas. É uma legítima raça de competidores: inteligentes, que não falham e não dão chance para o azar.

* Mauro Ribeiro é técnico da equipe Flying Horse/Caloi/Suzano de ciclismo e da Seleção Brasileira de Estrada




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